Revolução Criativa, a palestra de Lucas Foster no TEDx
A criatividade é fascinante. Nela, existe vida, minha grande paixão. E é feita de experiências inesquecíveis. Quando eu falo de experiência, eu penso no meu leito de morte, quero levar para até lá experiências de vida únicas, e trato de seis dimensões que para mim são fundamentais em qualquer experiência.
A primeira delas é a dimensão do tempo, a segunda, que vem acompanhada inerentemente ao tempo, é o espaço. A terceira dimensão é a energia que nós vamos consumir ou que vamos alocar em uma experiência que, dependendo do nosso propósito, que é a quarta dimensão, pode ser uma experiência positiva ou negativa.
Somada a elas, existe a dimensão do sentido. Nossos cinco sentidos serão capazes de nos estimular e provocar emoções que possam construir experiências inesquecíveis. Essas seis dimensões são fundamentais e eu acredito que, recentemente, nós estamos vivendo uma crise de vida, causada por um esgotamento da nossa era civilizatória e acompanhada de cinco grandes crises que tomaram o planeta e a civilização nos últimos 10 anos.
Ela começa com uma crise econômica profunda nos Estados Unidos e que provoca a ascensão da China e o protagonismo do Vale do Silício. A segunda grande crise está relacionada diretamente com as mudanças climáticas e com o impacto e incertezas que começam as nos tomar todos os anos quando falamos da nossa relação com a natureza. A terceira grande crise está relacionada diretamente com a revolução urbana que, pela primeira vez na história da humanidade, mais da metade da população mundial vive em cidades e nós já somos 7 bilhões de indivíduos. A quarta grande crise está relacionada com a revolução digital que criou uma geração inteira de analfabetos digitais que foram excluídos de uma das maiores transformações culturais na história da humanidade. E a quinta grande crise, que é resultado disso tudo, é a crise institucional, a sensação de que ninguém nos representa, nós não acreditamos mais na política, nós não confiamos mais nas empresas e nós nem sabemos se aquilo que nossos pais disseram que era certo e errado, uma maneira certa de educar, pode ser transmitido para as futuras gerações e para os nosso filhos.
Eu acredito que dessa crise de vida nós precisamos de uma revolução, que chamamos de revolução criativa, capaz de criar as novas bases de uma nova era civilizatória e que possa construir o futuro da humanidade no século 21. A revolução criativa precisa, antes de mais nada, de um pacto por dois aspectos fundamentais: o incentivo às ideias e a democratização do acesso às oportunidades.
O incentivo às ideias, porque sem inspiração, sem educação para viabilizar a criação e a viabilização de sonhos por meio de startups e pesquisas não serão capazes de superar as crises que falamos. Para isso, é fundamental que a gente democratize o acesso às oportunidades. Que tipo de oportunidades? De conhecimento, que a gente saia de um ponto e evolua, principalmente na maturidade de olhar para o mundo de uma forma crítica, de nos conectar uns aos outros, seja através de eventos ou tecnologia. Mas que exista essa oportunidade.
Outra necessidade fundamental é do reconhecimento e a valorização das ideias. É fundamental que não se reprima aquele que se expressa e que a gente tenha a possibilidade de apresentar um pouco de nossas loucuras também. Além disso, é fundamental que tenhamos acesso a recursos, que o investimento possa fluir, seja eles públicos, privados ou através de financiamentos coletivos e outras estratégias de fomento e de geração de oportunidades.
Muitos se têm dito que isso está relacionado com o empreendedorismo, eu sou apaixonado pelo empreendedorismo, e a atitude de um empreendedor é fundamental para tirar sonhos do papel. Mas a equação que temos sobre o empreendedorismo não incorpora um componente fundamental para a revolução. Ele deve ser a soma do entusiasmo que temos com as nossas ideias, de enxergar uma oportunidade na sociedade ou no mercado, e somar a maturidade adquirida com conhecimento, competências e o desenvolvimento de habilidades.
Mas para que possamos passar por essa crise civilizatória e chegar a um novo estágio em que seja possivel encontrar o equilíbrio entre tecnologia, ética, economia e a política, nós precisamos compor o empreendedorismo com a criatividade. O empreendedorismo criativo, que respeita a liberdade de ideias, que traz aquilo que ninguém nunca viu, que fica dentro de cada um dos indivíduos, mas que em um ecossistema de incentivo é capaz de transformar a realidade e incentivar a revolução.
Nós precisamos incentivar a criatividade, porque ela é fascinante. A criatividade é capaz de transformar telhados residenciais em usinas de energia, ela é capaz de transformar lixo em riqueza, ela capaz de transformar células tronco em cura, mas a criatividade precisa vir acompanhada de uma paixão pela vida e por dois direitos fundamentais a ela: a liberdade, para que se possa expressar as nossas ideias e se conectar uns com os outros em uma outra dimensão que não a das obrigações, e que a gente tenha acesso a diversidade, que exista respeito entre os indivíduos, as culturas e as sociedades. Sem esse respeito, não vamos adquirir repertório e nós não teremos a capacidade de conhecer a fundo todos os problemas dentro e fora do planeta.
Nós vivemos um processo de degradação da civilização como ela foi construída até agora, pautada na revolução industrial e na democracia representativa que, sem uma revolução criativa que respeite a liberdade e a diversidade com fomento a ideias de democratização ao acesso às oportunidades, não seremos capazes de mudar a vida e construir as bases de uma nova era civilizatória no século 21.
A economia criativa, a inovação, a democracia participativa, o desenvolvimento sustentável e todos os novos modos de vida, como a economia compartilhada, fazem parte disso, são fundamentais, e precisam ser incorporados no nosso dia a dia e na nossa defesa como uma causa para uma nova era.
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